this dream isn't feeling sweet

não sei se é o excesso de café, a chuva, a falta de sono ou a pressão que eu mesma tenho colocado em mim gritando 'ei, escreve alguma coisa!', mas por algum motivo não consigo escrever e também não consigo fechar a aba de postagem. o mais engraçado é que eu realmente preciso escrever várias coisas, desde meus trabalhos de português como simplesmente alguma coisa que me faça desvirtuar da rotina monótona que já não aguento mais. tenho simplesmente observado o tempo escorrer por entre meus dedos, refletindo sobre como esse conceito é abstrato e de vez em quando até doloroso. é estranho como cada segundo é como uma vírgula que prolonga o final de uma grande e extremamente mal estruturada frase. é como se eu fosse uma leitora semi-analfabeta que tropeça nas vírgulas e não entende muito bem o que tem que fazer, que lê de forma interrupta a truncada, desagradando qualquer interlocutor. e o curioso é que eu comecei a sentir desesperadamente que já prolonguei demais algo que ninguém mais quer ouvir.

como sempre, tenho ficado quieta em momentos que desejo falar e falado em momentos que desejo ficar quieta. enquanto as opiniões realmente fundamentadas e importantes passam batidas, muitas vezes digo coisas que nem queria tanto assim só pelo desespero momentâneo de parecer interessante, e refletindo sobre isso cheguei à melancólica conclusão de que de fato nunca fui algo que despertasse o interesse de alguém. sempre fui a menina de amarelo, a menina histérica ou uma série de nomes errados: Giovana, Juliana, Jordana, Jonas; nunca alguém que se destacou. pra quem tanto critica Brás Cubas e suas memórias entediantes, não acho que eu seja muito diferente. sempre quis parecer algo que poderia ser admirado, mas nunca fui de fato. sempre mediana, sempre média 8. a realidade é que eu sou a verdadeira definição de alguém que não fede e nem cheira.

às vezes acho que coloco mais e mais vírgulas por medo do ponto. nem é do ponto em si, até porque ponto é ponto e só isso, é sucinto e (ironicamente) direto ao ponto. acho que tenho medo de ser a pessoa que coloca um ponto, porque e se de repente acontece alguma coisa que realmente valha a pena, que faça com que eu deixe de sentir como se eu estivesse simplesmente observando as coisas acontecerem? e se eu paro de me sentir sozinha e finalmente me sinto bem? é uma fagulha de esperança que eu mesma considero sem propósito, mas que ainda me deixa minimamente satisfeita. sim, tenho andado bem triste há bem mais tempo do que gostaria e acho que só conseguir admitir isso é um imenso avanço pra quem joga spray de pimenta em qualquer ser com vida que tenta se aproximar das reações químicas que acontecem nesta cabeça. a realidade é que eu nunca nem me importei com parecer interessante e continuo sem ligar muito pra isso, mas quando o desespero bate a gente só quer se sentir bem com alguma coisa. mesmo que só vá se sentir pior depois.